quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Castelo de Aguiar

O Castelo de Aguiar é um singular castelo roqueiro, cuja estrutura actual remota aos séculos IX ou X. Situado sobre um enorme penedo granítico, os achados em campanhas arqueológicas revelaram três grandes níveis de ocupação: Pré-Histórica, Celta e Romana. O acesso ao edifício é feito por uma entrada com seis escadas, sob um portal com forma ogival. Subindo alguns rochedos, atinge-se o ponto mais alto, de onde se vislumbra uma panorâmica abrangente sobre todo o Vale de Aguiar. Inclui-se, no edifício, um compartimento de tecto abobadado, bem como a sala da seteira, janela de privilegiada visibilidade estratégica.
Antecedentes:
A moderna pesquisa arqueológica trouxe à luz testemunhos da primitiva ocupação desta região desde a pré-história. À época da ocupação romana da península, este povo foi atraído pela presença de minérios de ouro, prata e chumbo nesta região, explorado certamente com o recurso à mão de obra escrava. Foram sucedidos por Visogodos e por Muçulmanos, estes a partir do século VIII.O castelo medieval:Embora não hajam informações acerca da primitiva fortificação da penedia, habitada pelas águias que lhe deram o nome, Aguiar, um castelo já existia à época da Reconquista, entre o século X e XI. A Crónica dos Godos refere que Al-Mansur [Benamet] tomou o Castelo de Aguiar, que está na margem direita do [rio] Souza, na província Portucalense (1033 da Era Hispânica, correspondente a 995 da Era Cristã).O castelo foi cabeça da Terra de Aguiar, que posteriormente se constituiu no Concelho de Vila Pouca de Aguiar, tendo o seu nome ligado à Independência de Portugal, quando se acredita que o tenente do castelo fosse partidário de D. Afonso Henriques (1112-1185), de acordo com uma referência na hagiografia medieval de Santa Senhorinha de Basto. Por esse motivo a região foi invadida, e o Castelo de Aguiar sitiado, por uma força leonesa que pretendia sujeitá-lo ao reino de Leão ou, caso contrário, aprisioná-lo e substituí-lo. Na ocasião, D. Gonçalo Mendes de Sousa, senhor de domínios nas terras de Aguiar e de Panóias, companheiro de armas de D. Afonso Henriques, apressou-se a socorrer as gentes do Castelo.Posteriormente, sob o reinado de D. Afonso III (1248-1279), Telões recebeu a sua Carta de Foral (10 de Julho de 1255). Nesse período considera-se que a fortificação começou a perder importância, uma vez que a partir de 1258 a população passou a se libertar gradualmente dos encargos de manutenção da daquela defesa.Na passagem para o século XVI, a vila perdeu a sua importância administrativa, uma vez que se encontra integrada no Foral concedido a Aguiar da Pena, em 1515. Deste período conhecemos o nome de alguns dos alcaides do castelo, como:Diogo Lopes de Azevedo;Fernão Martins de Souza (a partir de 17 de Julho de 1534);João de Souza Guedes; eJerónimo de Souza Machado (1583-1594).A partir de então cessam as informações relativas ao castelo, que se admite tenha deixado de ser utilizado para fins militares desde essa passagem do século XVI para o XVII.
Mitos e Tradições:
Na aldeia do Castelo, terá nascido e vivido Duarte de Almeida, o valente soldado do exército português que se notabilizou na Batalha de Toro, em território castelhano, como «O Decepado». Em pleno campo de batalha, nomeado que fora porta-estandarte, foi alvo de continuados ataques dos exércitos inimigos. Sem titubear preservou sempre nos braços a bandeira nacional, sabendo que o seu derrube seria sinal de antecipada rendição. Uma espadeirada, ao que referem os manuais pelos quais estudamos a História de Portugal, cortou-lhe uma das mãos. Sofrendo de forma atroz, serviu-se da outra mão para manter o símbolo da nação, até que um segundo golpe lhe amputou a outra mão. Ainda assim, manteve-se sobre o cavalo, segurou a bandeira entre os dentes, para que o pendão não precipitasse no solo, até que uma estocada mais violenta o derrubou finalmente. Ficou, para sempre, o símbolo maior da valentia aguiarense.

Sem comentários:

Enviar um comentário